quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ciro Gomes admite dificuldade do PSB na eleição do RN

Para justificar a candidatura a Presidente da República, o deputado federal Ciro Gomes apresenta como um dos argumentos a boa avaliação de administrações estaduais feitas pelo PSB.
Na lista do parlamentar ele inclui o Rio Grande do Norte, administrado pela peessebista Wilma de Faria.
No entanto, ele também admite que é no Estado potiguar onde está uma das dificuldades do PSB para continuar na administração.
O partido de Ciro Gomes terá como candidato ao Governo o vice-governador Iberê Ferreira.
O assunto foi matéria no jornal Valor Econômico. Veja a reportagem na íntegra:
Ciro garante que continua candidato e que só PSB pode tirá-lo da disputa
Raquel Ulhôa, de Brasília
Durante viagem à Europa, durante o recesso parlamentar, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) foi informado pela assessoria de que estava sendo procurado pelo ex-ministro José Dirceu, que tem negociado alianças estaduais pelo PT. “Mandei dizer que estava muito ocupado, de férias”, relata Ciro, que não quer conversa com Dirceu. Diz discordar dos “cálculos políticos” e da articulação feita pelo ex-ministro. “Essa coisa é golpista”, criticou.
A declaração do deputado reflete irritação e impaciência com as pressões do PT para que desista de concorrer à Presidência da República e dispute o governo de São Paulo. Ciro pretende manter sua candidatura à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até “onde puder, ou seja, outubro”. Diz que apenas o PSB pode tirá-lo da disputa. E, se isso acontecer, prefere ficar fora das eleições de 2010. “Saio da vida pública. Paro um pouco. Para mim, a política não é meio de vida”, declara.
A favor de sua candidatura a presidente, Ciro diz que seu partido está eleitoralmente mais forte que o PT no país. Cita, como prova, o fato de o PT estar buscando no PSB um candidato ao governo de São Paulo. Diz ainda que o PSB tem três governadores bem avaliados (Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte), o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, candidatos competitivos e alianças eleitorais na maioria dos Estados. Só enfrenta dificuldade em Sergipe e no Rio Grande do Norte.
“Nunca tive tanta força quanto agora para disputar a Presidência”, afirma Ciro, que concorreu ao cargo em 1998 e 2002. Afirma ter base política no país inteiro. Contabiliza a seu favor sua amizade com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).
Para o deputado, Lula “está errado” ao tentar aglutinar todos os partidos aliados em torno de Dilma. “PSDB e PT querem que eu retire minha candidatura a presidente. A única pessoa que está certa em querer retirar minha candidatura é o José Serra (governador de São Paulo, pré-candidato tucano à Presidência). Significa que o Lula está errado. O santo Lula, nesse assunto, está errado”, afirma Ciro.
O deputado defende sua candidatura a presidente como “opção” ao eleitor, que “não será obrigado a votar por negação” – o que aconteceria numa eleição plebiscitária entre Dilma e Serra. Por suas “circunstâncias políticas”, como antigo aliado de Lula hoje fora do governo, Ciro acha que é o único em condições de manter os avanços da gestão do petista e fazer “a justa transição com a necessária e indispensável dose de renovação”. Voltou a atacar a “moral frouxa” da coalizão PT-PMDB, que, na sua opinião, está deixando um “roçado de escândalos semeado”.
O deputado admite que sua candidatura a presidente está numa “fase solitária”, sem apoio de outros partidos. Diz que irá em busca de aliados. “Vou trabalhar. Só penso naquilo 24 horas por dia”, diz. A tese de Ciro e da direção do PSB é que a participação de dois candidatos governistas evita uma vitória de Serra no primeiro turno.
Ciro nega que o PSB esteja abandonando o projeto da candidatura própria. Segundo ele, até agora todos os passos foram combinados. Nega que Lula mande recados para que desista. “Não converso com Lula pelos jornais. Não recebo recado. Converso claramente. Digo que ele está errado”, diz. E continua: “Não trato Lula como mito, trato como líder político”.
Em conversa com o presidente, foi fixado prazo até março para a decisão sobre a candidatura a presidente ser tomada. A pedido de Lula, o deputado transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo, para abrir a possibilidade da disputa ao governo estadual – opção que descarta.
O deputado minimiza as pesquisas de intenção de voto, que apontam sua queda e crescimento de Dilma. Avalia ter um percentual mínimo de votos entre 12 e 13% de votos no país e Dilma, como candidata de Lula, um piso de 25%. A partir daí, o desempenho depende dos “atributos” exibidos na campanha.
Ciro não deixa claro o que tem contra José Dirceu. Mas lembra que, quando presidente do PT, o ex-ministro abriu inquérito no partido para apurar relações de Lula com o compadre Roberto Teixeira. “Era um trabalho para liquidar Lula”, diz.

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